No dia 1º de dezembro, o mundo se une para reforçar a luta contra o HIV/SIDA, uma epidemia que, apesar dos avanços, continua apresentando grandes desafios.
O lema deste ano,
“Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra”.
Este lema, nos convida a refletir sobre a importância da justiça social e equidade como pilares para enfrentar o HIV.
É um chamado para garantir direitos fundamentais, dignidade e acesso igualitário à saúde para todos.
Em Moçambique, a luta contra o HIV/SIDA enfrenta barreiras culturais, especialmente nas áreas rurais. Normas tradicionais frequentemente dificultam o acesso ao tratamento e à prevenção. O estigma social associado ao HIV transforma a busca por diagnóstico em um tabu, criando barreiras que tornam muitos pacientes invisíveis. Como apontou o sociólogo Erving Goffman, o estigma age como uma “marca de desonra”, impedindo a procura de ajuda.
Além disso, práticas culturais, como as curas tradicionais, continuam a desafiar as abordagens científicas. O antropólogo Arthur Kleinman sugere que integrar a medicina tradicional à moderna pode tornar o sistema de saúde mais inclusivo e acessível.
A pobreza, a falta de acesso à saúde, a desigualdade educacional e social são fatores que perpetuam a epidemia. Pesquisas do sociólogo Richard G. Wilkinson destacam que disparidades socioeconômicas afetam diretamente a saúde, criando ciclos de exclusão. A OMS reforça que determinantes sociais, como educação e trabalho digno, são essenciais para quebrar o ciclo de transmissão do HIV.
A epidemiologista Mariana Matus alerta que políticas públicas precisam abordar questões sociais e culturais de forma integrada. Em áreas rurais, o acesso à informação sobre prevenção, testes e tratamento é insuficiente, agravando a vulnerabilidade das populações afetadas.
Neste Dia Mundial de Luta Contra o HIV/SIDA, somos lembrados de que a saúde reflete a distribuição de poder na sociedade, como disse Michel Foucault.
“A luta contra o HIV é também uma luta pela dignidade humana, pela equidade e pelo direito a uma vida saudável”.
A erradicação do HIV exige um enfrentamento multifacetado que inclua conscientização, educação e ações para romper as desigualdades sociais e culturais. O HIV/SIDA é mais do que uma epidemia médica: é um reflexo das desigualdades estruturais que precisamos superar.
Por você e por todos nós!
Por Milton Sengo